Polícia

Explosão de nova guerra precipita em São Gonçalo

Pichação na Praia da Luz em Itaoca Foto: Divulgação/PMERJ

Pouco mais de 24 horas da reprodução simulada da morte do adolescente João Pedro, no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, na última semana, um conflito interno entre os próprios traficantes da localidade gerou tensão entre moradores e uma resposta imediata por parte dos órgãos de segurança do estado chegou com o envio de tropas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) com o objetivo de impedir um segundo capítulo da guerra armada entre traficantes em menos de um ano na comunidade.

"Acredito que uma nova guerra esteja por vir. O líder do tráfico daquele localidade, conhecido como Rabicó, está em 'pé de guerra' com a própria facção e não descarto uma possível mudança para o Terceiro Comando Puro (TCP). Essa guerra de facções acaba dificultando ainda mais o trabalho da polícia, que acaba ficando no 'meio' de uma briga de interesses por parte dos traficantes", afirma o presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, José Ricardo Bandeira,

No último dia 29, a megaoperação montada para a reprodução simulada da morte de João Pedro escancarou a dificuldade imposta pela criminalidade para a realização de incursões policiais no conjunto de favelas. Ainda de madrugada, policiais militares do 7° BPM (São Gonçalo) foram os responsáveis pela entrada inicial no que seria o quartel general do Comando Vermelho (CV) e responsáveis pela preparação do local onde seria realizado o procedimento investigativo. Na ação, os militares retiraram barricadas das ruas utilizadas como 'escudo de traficantes'.

Já pela manhã, após um breve confronto, o terreno foi estabilizado e uma tropa, composta por cem homens, divididos em veículos da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), do Ministério Público, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) adentraram na localidade sob olhares desconfiados e criminosos à espreita.

Estratégias de guerra

Policiais militares retiraram barricada na última semana. Foto: Divulgação/PMERJ

Barricadas móveis, cancelas, ameaças ao poder público e alto poderio bélico. O Complexo do Salgueiro, apontado pela polícia como o “quartel-general” do CV em São Gonçalo, se tornou conhecido após a veiculação do Rap do Salgueiro, música de Claudinho e Bochecha, em 1996. Desde então, acabar com o poder paralelo no complexo se tornou um grande desafio para as autoridades de segurança pública do Estado do Rio.

De acordo com Bandeira, o tráfico tem o objetivo de inserir barricadas para dificultar invasões de traficantes rivais e consequentemente atrapalham a entrada de policiais no conjunto de favelas. Além disso, os criminosos espalham informantes em vários pontos do aglomerado de casas com o objetivo de fugir em tempo adequado para o interior da comunidade e se esconder em pontos estratégicos.

"Os traficantes sabem que não possuem efetivo e, tampouco, estrutura para conter uma avanço de policiais nas comunidades. O maior medo de um líder do tráfico é perder o controle do mesmo e, para isso, insere barricadas e bloqueios em diversas ruas com o objetivo de impedir possíveis invasões, o que acaba atrapalhando a polícia e os próprios moradores dessas localidades", disse o especialista em segurança pública.

Questionado sobre a possibilidade de uma ocupação na localidade, o Bandeira afirma que a Polícia Militar, atualmente, não possui efetivo para ocupar uma área do tamanho do Complexo do Salgueiro, composto por oito localidades, que formam o G8, como é conhecido o quartel general.

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